Meditando no texto conhecido da segunda multiplicação de pães (Jo 6. 1-13), pude perceber o quanto nós não reparamos no agir oculto de Deus em nossas vidas.
Geralmente, quando enfrentamos dificuldades temos a tendência de ensinar a Deus como Ele deveria fazer para nos ajudar. Mesmo sabendo que Ele é Soberano e que conhece todas as coisas, quando a situação fica difícil, costumamos focar em nossos problemas e a apontar soluções que pensamos serem suficientes para nos tirar da dificuldade.
Interessante perceber que, se formos sinceros, iremos perceber que todos nós, sem exceção, temos a mania de mostrar a Deus o que ele deveria fazer. Assim, quando estamos enfrentado uma crise de saúde, geralmente clamamos por um milagre de cura ou pela indicação de um tratamento que nos ajude, mas não deve ser qualquer tratamento, tem que ser algo que caiba no nosso orçamento, afinal de contas, Deus sabe que estou sem dinheiro!
Por falar em dinheiro, Deus sabe que não jogo na loteria, então o meu milagre teria de vir da Nota fiscal Paulista ou de alguma alma abençoada que me ajudaria com uma doação!
Aliás, se pensar em doação, eu bem que estou precisando de um descanso, como seria interessante se Deus tocasse o coração de algum irmão e ele me convidasse para passar uns dias na casa dele no campo ou na praia!
Praia! Que vontade, mas não tem jeito, Deus bem que podia me arrumar um cantinho...
Por mais engraçado que possa parecer, esses ensinamentos rodeiam a grande maioria dos filhos de Deus. Independente da cultura, formação ou cargo eclesiástico, percebemos que essa linha de raciocínio acompanha o povo de Deus, desde à época de Jesus.
Na passagem da segunda multiplicação de pães, percebemos uma multidão que havia ido para Jerusalém em virtude da Páscoa e outra multidão que acompanhava Jesus. No final, a verdade é que era muita gente que não tinha o que comer.
Pela limitação imposta pelo artigo, nem irei discorrer sobre a incredulidade daqueles homens (e muitas vezes a nossa) que, mesmo acabado de viver a primeira grande multiplicação de pães, ficaram com medo de sofrer necessidades no futuro.
Retornando ao texto, vemos que Filipe, no versículo 7, ao conversar com Jesus fez exatamente como nós, ou seja, tinha um problema e em sua mente imaginou como poderia resolver: 200 denários!
Em um cálculo aproximado, levando em consideração que o denário era o valor correspondente ao dia de trabalho, os estudiosos, em geral, calculam que um denário corresponderia atualmente a, mais ou menos, 8 dólares. Então, Filipe estava conversando com Jesus e disse algo assim: Jesus, veja bem, acho que nem mesmo R$ 8.000,00 (2oo denários x US 8 – considerando o dólar a R$5,00) iria resolver nosso problema!
Você já se pegou orando dessa maneira? Jesus, acho que preciso de tanto para resolver minha vida?
Veja, é possível estar ao lado de Jesus e continuar pensando como uma pessoa carnal!
Mais interessante foi o que André fez. Aprendemos no versículo 9, que ele sabia que não tinha condições de resolver o problema, mas conhecia alguém que poderia ajudar.
Note como, mais uma vez, aqueles homens agiam como nós. Quando estamos com problemas e somos conscientes de que nos somos incapazes de agir, geralmente oramos e mostramos para Deus onde está a solução! Orações do tipo: Deus, eu não consigo tal coisa, mas o Pastor pode! Ou, Jesus, o Senhor sabe que eu sozinho não posso fazer isso, mas se o meu patrão, ou se fulano ou beltrano me ajudar ...
É impressionante como a história se repete, como nosso comportamento é igual!
Mas o ponto mais importante dessa passagem não é a conduta daqueles que seguem a Jesus, nem mesmo a multiplicação de pães! Isso mesmo, esse maravilhoso milagre não é o ponto que deveria nos chamar a atenção!
O fato mais importante e que muitas vezes passa desapercebido por todos nós está na posição daquele rapaz que, segundo o versículo 9, tinha 5 pães e 2 peixinhos!
Você já parou para pensar por que aquele garoto não havia comido os pães e os peixinho até aquela hora do dia?
Você já se questionou como deve ter sido a conversa entre André e esse rapaz?
Tenho filhos que, na adolescência, uma das coisas que mais faziam é viver procurando coisas para se alimentar. Por que aquele rapaz não havia comido seu lanche?
O texto não fala, mas porque aquele menino não questionou André com uma pergunta do tipo adolescente: se eu te der meu lanche, quem vai matar a minha fome? Ou, pior: Você sabe que o que eu tenho mal dá para mim, e ainda quer dividir com esse montão de gente? Enlouqueceu?
Na verdade, embora sejam meditações, esses fatos podem muito bem ter acontecido.
É justamente esse o ponto principal dessa passagem. Geralmente nos apegamos a multiplicação e pensamos, de maneira correta, que tudo o que colocamos nas mãos de Jesus Ele multiplica e não fica devendo nada para ninguém! Contudo, quantas vezes você parou para imaginar que foi necessário um milagre maior acontecesse antes e que esse fato passasse desapercebido?
Um adolescente com fome não come seu lanche, passa boa parte do dia em jejum, e ainda por cima entrega sua refeição voluntariamente às mãos de um desconhecido para que ele alimente 5000 pessoas?
Amados, o seu milagre acontece mesmo antes de você perceber!
Como sabemos, as pessoas comeram, se fartaram e ainda sobrou. Contudo, não sabemos o nome daquele rapaz, nem de onde ele era ou o que fazia ali.
É justamente assim que Deus está agindo em sua vida. Ele fará algo excepcional e você dará Glórias ao seu nome, contudo, não se esqueça que, antes de tudo, Ele já moveu o coração de alguém, talvez a pessoa menos provável ou capaz para, de maneira indireta, abençoar a sua vida.
Não será do jeito que você ou Filipe imaginaram, mas será da maneira que Jesus trabalha, fazendo o impossível, através dos meios mais improváveis, para que o nome Dele seja glorificado.
Que o Senhor te abençoe e te guarde!
Pr. Fernando Marques
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Fonte/Créditos: Portal Gospel Play, com informações de Pr. Fernando Marques Sá
Créditos (Imagem de capa): Deus já providenciou o milagre para sua vida, mas você ainda nem percebeu! (Imagem de Gerd Altmann por Pixabay).
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