Através de carta emitida na última semana (31), o papa Francisco admitiu a lentidão da Igreja em resposta as denúncias de abuso sexual. Com caráter exortativo, foi endereçada aos católicos do Chile, onde sucessivos escândalos sexuais resultaram na troca de todos os bispos do país, fato inédito na história da Igreja Católica.
Em um dos trechos, o papa deixa claro que a “renovação da hierarquia da Igreja por si só não traria a transformação necessária no Chile, exigindo unidade em tempos de crise e aprofundamento da fé”.
Prometeu aos católicos chilenos que "nunca mais" a Igreja os ignoraria ou acobertaria os abusos praticados em seu país, ainda citou que “A cultura do abuso e do encobrimento é incompatível com a lógica do Evangelho”.
Ao mesmo tempo o Vaticano informou que Francisco estava enviando seus dois principais investigadores de abuso sexual novamente ao país para obter mais informações sobre a crise.
O objetivo da viagem, que deve começar nos próximos dias, é "avançar no processo de reparação e cura das vítimas de abuso".
Algumas horas antes da carta ser divulgada no Chile, o Vaticano informou que os investigadores, Scicluna e Bertomeu se concentrariam na diocese de Osorno, no sul do Chile, sede do bispo mais envolvido no escândalo.
O Papa destacou a coragem das vítimas de abuso sexual no país por perseverarem em trazer à luz a verdade, apesar das tentativas dos funcionários da Igreja de desacreditá-las.
Em 18 de maio, todos os 34 bispos do Chile se ofereceram para renunciar em massa depois de participar de uma reunião de crise com o papa no Vaticano sobre o encobrimento dos abusos sexuais na nação sul-americana.
Na carta, Francisco não deu pistas quais renúncias aceitará, se houver.
O escândalo gira em torno do padre Fernando Karadima, que foi considerado culpado em uma investigação do Vaticano em 2011 por abusar de meninos em Santiago nos anos 70 e 80. Agora com 87 anos e vivendo em uma casa de repouso no Chile, ele sempre negou qualquer irregularidade.
Vítimas acusaram Dom Juan Barros, de Osorno, de ter testemunhado o abuso, mas não fez nada para detê-lo. Barros, que foi um dos que se ofereceu para se retirar, negou as acusações.
Em abril, o papa hospedou três vítimas não-clericais que disseram ter sido abusadas por Karadima, e neste fim de semana ele vai se encontrar com padres que disseram ter sido abusados por Karadima quando eram jovens.
Fonte/Créditos: Portal Gospel Play, com informações de Christian Today
Créditos (Imagem de capa): Papa Francisco durante a Audiência Geral. (Foto: Reprodução / YouTube)
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